A Pré-História, o período que antecede a invenção da escrita, nos oferece uma janela fascinante para entender os primeiros passos da humanidade.
Dividida entre o Paleolítico (Idade da Pedra Lascada) e o Neolítico (Idade da Pedra Polida), essa era é mais do que apenas uma sequência de eventos; é uma narrativa que varia de acordo com as culturas ao redor do mundo e que é explicada pela História da Matemática.
Por exemplo, quando os europeus chegaram ao Sul da África, Austrália e Américas entre os séculos XVI e XVII, encontraram povos que ainda não haviam desenvolvido a escrita, vivendo em modos de vida semelhantes aos da Pré-História. Um caso mais recente ocorreu no século XX, quando caçadores descobriram os Tasadays, uma tribo nas Filipinas que vivia de forma nômade, caçando e coletando alimentos. Eles eram, essencialmente, representantes vivos do estilo de vida paleolítico.

Paleolítico: A Era dos Caçadores-Coletores
O Paleolítico começou há cerca de 2,5 milhões de anos. Nessa época, os humanos viviam como caçadores-coletores, deslocando-se constantemente em busca de alimentos. Seu impacto no meio ambiente era mínimo, e o modo de vida exigia adaptação às condições naturais. Ferramentas rudimentares, feitas de pedras afiadas, ossos e madeira, eram essenciais para caça e sobrevivência.
Embora o pensamento matemático fosse praticamente inexistente, o senso numérico humano já dava seus primeiros sinais. Segundo Tobias Dantzig, no livro Números: A Linguagem da Ciência, os números nasceram de necessidades práticas, como contar e organizar objetos em maior quantidade. Para caçadores-coletores, no entanto, isso era raramente necessário. Como Dantzig explica, em seu livro sobre História da Matemática, os números pequenos eram suficientes para contar itens específicos, como peixes ou pássaros capturados, ou para distinguir entre singular e plural.
A Revolução do Neolítico
O Neolítico marcou a transição para sociedades sedentárias, possibilitada pelo desenvolvimento da agricultura e da domesticação de animais. Essa transformação, conhecida como Revolução Agrária, foi fundamental para o surgimento de comunidades complexas e especialização do trabalho.
Enquanto os caçadores-coletores dependiam do conhecimento individual de seus artefatos, como descrito por Almeida (2009), no Neolítico, a necessidade de contar e registrar aumentou. O desenvolvimento de calendários pelos Lakotas, da tribo Sioux, é um exemplo intrigante. Eles registravam eventos anuais em desenhos simples, chamados de “contagem de inverno”, que marcavam o início de um novo ano após a primeira neve.
A Origem do Senso Numérico
Mesmo durante o Paleolítico, os humanos distinguiam “um” de “muitos”, o que levou à criação do singular e plural nas línguas. Essa habilidade, conhecida como senso numérico, é inata ao ser humano e se tornou a base para o pensamento matemático que viria a florescer com as civilizações posteriores.
Conclusão
A Pré-História nos ensina que os números e o pensamento matemático não nasceram de uma curiosidade abstrata, mas de necessidades práticas da vida cotidiana. Como nos lembra Tobias Dantzig, a matemática é, antes de tudo, uma linguagem – uma que começou a ser escrita muito antes do que imaginamos.
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